Porto Alegre, sexta-feira, 26 de abril de 2024
   

Deputado Raul Carrion - PCdoB-RS

16/03/2009
A crise do “capitalismo cassino” e a falência do pensamento único neoliberal

Durante anos, o pensamento único neoliberal pregou as virtudes do “livre-mercado” e de sua total desregulamentação. Ao mesmo tempo, demonizou o Estado e condenou qualquer intervenção sua para regrar as relações entre o capital e o trabalho e disciplinar o mercado e a movimentação dos capitais.

Em nome da eficiência econômica e da “modernidade”, decretou o desmonte do Estado transformado em mínimo para o povo e em máximo para o grande capital , as privatizações, a diminuição dos gastos públicos mesmo que às custas da perda da qualidade dos serviços essenciais à população , a retirada de direitos trabalhistas e previdenciários, a extinção dos Estados Nacionais periféricos e a abertura de suas fronteiras aos capitais e mercadorias dos países capitalistas centrais. Quem se opôs a esse “fundamentalismo neoliberal” passou a ser chamado de “neo-bobo”.

Em todo o mundo, tendo como epicentro os Estados Unidos, o capital financeiro tornou-se hegemônico, subordinou o capital produtivo e descolou-se cada vez mais da economia real. Um volume inimaginável de capital fictício dez vezes superior a toda a riqueza efetivamente gerada, sem qualquer correspondência com o capital produtivo passou a circular no que poderíamos chamar de “capitalismo cassino”, amealhando enormes lucros às custas do aumento da miséria de bilhões de homens e mulheres.

Mas, o capitalismo especulativo e parasitário tinha um encontro marcado mais dia, menos dia com a realidade. Numa reação em cadeia, cujo final é imprevisível, faliu o sistema imobiliário norte-americano, quebraram poderosos bancos e seguradoras, evaporaram-se os fundos de pensão que garantiam as aposentadorias de milhões de trabalhadores, despencaram em todo o mundo as bolsas de valores e os preços das commodities. Grandes empresas como a GM, Ford, Chrysler estão à beira da falência. A crise, inicialmente financeira, transformou-se em uma profunda crise sistêmica.

Nessa hora, todo discurso neoliberal fez-se pó! Os até então adoradores incondicionais do “livre mercado” passaram a apelar ao “Estado” para a sua salvação. Generosamente, o dinheiro público sempre escasso para a saúde, educação, segurança, aposentadorias, jorrou aos trilhões para socorrer os magnatas da jogatina especulativa. Calcula-se que até agora os Bancos Centrais já aplicaram mais de três trilhões de dólares para socorrer os milionários em dificuldades. Mais uma vez, quem pagará a conta serão os trabalhadores, com o desemprego, a redução de salários e a retirada de direitos.

Fica cada vez mais claro aos povos de todo o mundo que a atual crise não será solucionada nos marcos do capitalismo a não ser às custas do crescimento da miséria de bilhões de homens e mulheres e, até, de guerras destrutivas. Impõe-se à humanidade a tarefa de superar esse sistema de opressão e exploração do homem pelo homem e construir uma nova sociedade mais livre, mais justa e mais humana Socialista!
 

Raul Carrion