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Deputado Raul Carrion - PCdoB-RS

17/09/2013
Nilce Azevedo Cardoso recebe a Medalha do Mérito Farroupilha
Em solenidade realizada no salão Júlio de Castilhos, na noite dessa terça-feira (17), Nilce Azevedo Cardoso foi homenageada com a outorga da Medalha do Mérito Farroupilha, maior honraria do Parlamento gaúcho, por iniciativa do deputado Raul Carrion (PCdoB).
 

Carrion e presidente da Assembleia Legislativa, Pedro Westphalen, entregam medalha durante emocionado ato

Professora aposentada e psicopedagoga, Nilce lutou contra a ditadura militar e, como presa política, foi barbaramente torturada pelos órgãos de repressão em 1972. “É uma honra poder entregar o mais importante galhardão da Assembleia a uma lutadora do povo brasileiro”, disse o proponente da homenagem.
Carrion relembrou aspectos da trajetória da homenageada.

Segundo ele, Nilce deixou o Magistério em São Paulo, seu estado de origem, para lutar contra a ditadura, vivendo na clandestinidade como operária em Porto Alegre. Até que, em abril de 1972, aos 27 anos, Nilce foi presa pelo DOPS, em um ponto de ônibus da Avenida Oscar Pereira, e conduzida ao Palácio da Polícia, onde foi torturada até entrar em coma. Por ter se calado diante da tortura, foi enviada à Operação Bandeirantes, em São Paulo, onde ficou por dois meses. Por não terem conseguido nenhuma prova contra ela, Nilce foi liberada e voltou a Porto Alegre.

Para o presidente do Legislativo, deputado Pedro Westphalen (PP), era uma falha da Casa não ter homenageado Nilce Azevedo Cardoso até hoje, por tudo que ela passou e, por ainda assim, não ter desistido da luta pelos seus ideais. “Não me lembro de homenagem recheada de tanta emoção quanto a dessa noite. Nunca vi se chegar ao choro como vi hoje”, referindo-se à manifestação antecedente de Carrion.

Nilce agradeceu a homenagem, registrando que a honraria se estendia a todos os que lutaram, como ela, contra a ditadura. “Eu sou muitas Nilces, tantas que posso representar todas as guerreiras e guerreiros dessa luta. Nós fomos vitoriosos, sim”, disse. E acrescentou: “conheci muito de perto o valor da amizade. Se estou viva foi porque recebei ajuda de pessoas no DOPS”, referindo-se a presos políticos que também estavam no local. A homenageada afirmou que, após essa experiência, teve várias vitórias em muitas áreas, inclusive a pessoal. Uma delas foi a de ter conseguido gerar filhos, embora os torturadores a dissessem que “filhos, você não vai ter nunca”.

Durante a homenagem, fez uso da palavra o ex-governador Olívio Dutra. Também foi lida uma carta da filha de Nilce.

Presenças
Além dos já citados, estiveram presentes na solenidade os deputados Marisa Formolo (PT), Stela Farias (PT), Raul Pont (PT), Catarina Paladini (PSB), o ex-deputado Flávio Koutzii, a secretária-adjunta do Estado da Justiça e Direitos Humanos, Maria Celeste, o secretário do Estado do Turismo em exercício, Márico Cabral, familiares da homenageada, dirigentes e representantes de organizações não-governamentais e entidades.

Com informações da Agência Alers