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Deputado Raul Carrion - PCdoB-RS

10/08/2009
Começam escavações para achar mortos na guerrilha do Araguaia
Começa nesta segunda-feira (10) a fase final das buscas das ossadas dos mortos na guerrilha do Araguaia (1972-1975), uma das questões insepultas da ditadura militar (1964-1985) que mais mobilizam historiadores, jornalistas, grupos de defesa dos direitos humanos, familiares de desaparecidos e militares.

Após meses de identificação de locais onde possam estar enterrados os restos mortais dos desaparecidos, agora começam os trabalhos de escavação, que serão feitos em dez pontos. Dificilmente serão encontradas todas as ossadas, mas eventuais achados serão importantes para a história da guerrilha. Até hoje, os restos de apenas dois guerrilheiros foram identificados: o de Maria Lúcia Petit e o de Bergson Gurjão Farias, reconhecido no mês passado.

A partir de hoje serão vasculhados o Dnit (antigo DNER) e a região do Tabocão, onde um mateiro que guiou os militares na época apontou onde estariam duas ossadas. Todas as escavações devem durar dois meses. A diferença nas chances de achar ossadas é muito diferente entre as dez localidades, definidas nas duas fases anteriores da missão.

Enquanto em algumas há indicações precisas de onde os corpos foram enterrados e a terra é a mesma há 40 anos, em outros a floresta virou pasto, o trator passou ou as coordenadas são bem menos pontuais.

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Será usado um GPR (radar de penetração do solo) para detectar onde há vestígios de alteração do solo e existência de objetos embaixo - o equipamento não detecta se é osso ou não. O material que for encontrado será enviado ao IML (Instituto Médico Legal) do Distrito Federal, onde serão feitas análises e exames, inclusive de DNA.

O trabalho pode demorar semanas ou meses, dependendo do estado do que for encontrado. É provável que só no final do ano ou início de 2010 haja informações conclusivas sobre possíveis identidades dos mortos.

Estima-se que 60 militantes de extrema esquerda, que decidiram montar um foco guerrilheiro armado no Araguaia para derrubar a ditadura, tenham morrido. Segundo um dos líderes da repressão, Sebastião Rodrigues de Moura, o Major Curió, ao menos 41 foram executados após serem rendidos.

As atuais buscas foram determinadas pela Justiça depois que fracassaram todos os recursos do governo. Foi montada uma comissão de cerca de 30 pessoas, liderada pelo Ministério da Defesa e com apoio logístico do Exército.

Os integrantes da comissão argumentam que essa é a maior e mais bem equipada missão de busca realizada até agora - houve ao menos uma dezena de missões anteriores.

Agência Folha