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   Porto Alegre, sexta-feira, 26 de abril de 2024

   
Bases militares dos EUA e da OTAN: ameaça à Paz!

Raul K. M. Carrion

Longa mão de Washington: as mais importantes bases militares dos EUA no  estrangeiro - Sputnik Brasil

Antigamente, as metrópoles colonialistas ocupavam países inteiros e assumiam diretamente a sua administração. Hoje, as potências imperialistas preferem dominar os países através da subordinação econômica, cultural e militar, evitando o altíssimo custo de uma ocupação direta. No terreno militar, os seus instrumentos mais poderosos são as bases militares.

Para assegurar seu domínio sobre o planeta, os Estados Unidos mantém, segundo o Pentágono, 865 bases militares, em cerca de 130 países – o que representa 95% de todas as bases militares no estrangeiro – onde estaciona 350 mil soldados, apetrechados com os mais sofisticados armamentos, aviões de guerra, mísseis e belonaves. O custo anual dessas bases supera 100 bilhões de dólares, de um orçamento militar estadunidense de 665 bilhões de dólares em 2016, aos quais é preciso somar 240 bilhões de seus satélites europeus na OTAN. Com perspicácia, o historiador Chalmers Johnson afirma que “a versão americana de colônia é a base militar” e que “os EUA têm um ‘império de bases’.”

Sob o pretexto do “combate ao terrorismo”, os EUA aumentaram sua presença militar em mais de 20%, após os atentados de 11 de setembro de 2001. Mas basta ver a disposição de suas bases e tropas para constatar que seus verdadeiros objetivos são outros – o domínio mundial das fontes de energia fóssil e outros recursos estratégicos, o controle das rotas marítimas e terrestres e a ampliação de suas áreas de influência.

No Oriente Médio – além de sustentar o “Estado gendarme israelense” – os Estados Unidos mantém mais de 20 mil soldados nos Emirados Árabes, Omã, Iemên, Catar, Kuwait e Bahrain. Na Arábia Saudita, mantém três bases militares e outrois 5 mil soldados, caças F-15 e F-16, bombardeiros F-117, aviões espiões U-2 e aviões radar AWACS. A essas tropas devem ser somados outros 15 a 20 mil soldados em navios de guerra.

A base militar de Diego Garcia, no coração do Oceano Índico – utilizada em conjunto pelos EUA e pela Grã-Bretanha –, abriga 4 mil soldados, além de modernos caças e superbombardeiros B-52 e B-2 Spirit Steath (invisíveis ao radar), controlando toda a região do Índico.

No Cáucaso e na Ásia Central, suas bases militares no Paquistão, Afeganistão, Iraque Geórgia, Azerbaijão, Uzbequistão, Tajiquistão, Quirguistão e Cazaquistão, além de controlarem o Mar Cáspio e seus subsolos ricos em petróleo, cercam a Rússia pelo sul e a China pelo oeste.

No Oriente, suas bases no Japão (63 mil soldados), Coréia do Sul (37 mil soldados), Filipinas, Austrália, Nova Zelândia, asseguram o controle do Pacífico e do “Mar Meridional”, ameaçando diretamente a China, a Rússia e a Coréia do Norte.

Na África, a presença militar estadunidense se dá principalmente no Egito e nos países do “Chifre da África” – Eritréia, Etiópia e Djibouti –, todos, não por acaso, nas proximidades do Canal de Suez e do Oriente Médio.

Na América Latina, os Estados Unidos e a OTAN mantêm bases militares em Curaçau, Guadalupe, Aruba, Belize, Barbados, Martinica, República Dominicana, Porto Rico, Haiti, Cuba (Guantánamo), México, Honduras, El Salvador, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Guiana Francesa, Suriname, Peru, Paraguai (Tríplice Fronteira), Argentina (Ilhas Malvinas, ocupadas pela Grã-Bretanha) e Chile. Recentemente, a vitória de Macri na Argentina abriu as portas para que os EUA instalem uma base no extremo sul da Patagônia.

Na Europa – onde têm mais de 200 bases, 100 mil soldados e 400 ogivas atômicas –, as principais bases estadunidenses estão na Alemanha, Reino Unido, Espanha, Itália, Portugal, Luxemburgo, Holanda, Bélgica, Islândia, Dinamarca, Noruega, Grécia, Albânia, Kosovo, Hungria e Turquia, ameaçando a Rússia pelo oeste.

Após a queda do Leste Europeu, quase todos os países do antigo “Pacto de Varsóvia” aderiram à OTAN e abriram os seus territórios para a instalação de bases militares. Em meados de 2016 – logo após as provocativas manobras “Anaconda”, “Saber Strike” e “Sea Breeze”, nas fronteiras da Rússia, no Báltico e no Mar Negro –, a OTAN avisou que instalará tropas na Polônia, Letônia, Lituânia e Estônia e ampliará sua presença aérea e marítima no Mar Negro. Alo mesmo tempo, instalará sistemas antimísseis na Polônia, República Tcheca e Hungria.

Além de manter quase mil bases militares no mundo, os EUA buscam dominar os mares e oceanos através de sete poderosas frotas navais e controlar o espaço sideral e cibernético através de uma infinidade de satélites, aviões espias, estações rastreadoras e de escuta, e redes comunicacionais.

Como último argumento, brandem seu enorme poderio nuclear e impedem os outros países de desenvolver sua capacidade nuclear dissuasória.

Historiador Raul Carrion

Agosto de 2016